quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Eu ainda estranho às vezes me perceber adulta, ainda que seja pela idade, porque pra mim parece que não tá na hora ainda, é violenta essa mudança que cobra tanto e que muitas vezes deixa tantas marcas. Não, eu não morro de saudade da casa da minha mãe, de ser uma menina que só precisava ir pra escola e tentar tirar boas notas (o que eu nunca conseguia) o que acontece é algo muito mais válido; é uma saudade do que eu era quando vivia daquele jeito - como não ser clichê ao falar de sonhos?- e são eles, os meus sonhos que me fazem falta. O mundo real rouba isso da gente, vai fazendo aos poucos pra que não seja facilmente percebido e quando prestamos atenção já foi.
Era uma vez alguém que sonhava.
No meu caso: Era uma vez alguém que sonhava/ Era uma vez alguém que tocava/ Era uma vez alguém que escrevia/ Era uma vez alguém que pulsava.
Eu não tenho pulsação. Exceto quando tenho muito dinheiro pra gastar a toa, gastar dinheiro preenche de forma efêmera e quando o dinheiro acaba, acaba também o sentido das coisas, logo, não há sentido por muito tempo.
Olha só isso: A gente é 'feliz' uma vez por mês e ainda é se enganando. Eita humanidade afortunada!Mundo saudável de relações duradouras e dignas!
Vamos nos conformar com a lama porque pelo menos existe algum vestígio de que aquilo ali tenha sido água limpa um dia.
'Cuidado, pista escorregadia'.

terça-feira, 7 de agosto de 2012


Outro dia eu conversei com uma amiga sobre o 'sentir um vazio', falei pra ela que o pior é quando o vazio vem e não vai mais embora, quando fica anos e anos e a gente acaba por achar que o normal é sentir assim. Não que eu ache, mas com o tempo acostumei a ele, não procuro mais preenchê-lo, raramente tento produzir e até quando produzo algo, depois me vem ainda mais forte a sensação junto com o pensamento 'essas tentativas frustradas de sair do nada são patéticas'.
Existe algo que fica subentendido nas nossas vidas e é exatamente a verdade sobre cada um, a impressão que tenho é que todos vivemos uma mentira diária, ninguém se conhece, ninguém ao menos se enxerga e isso é tão mórbido; essa dormência de vida causa câncer. É tudo tão cansativo, repetitivo, eu estou cansada, muito cansada, não tenho coragem de lutar por mais nada e se alguém me pedisse sangue nesse momento, eu diria calmamente 'tire'. (metaforicamente isso já está acontecendo, igual quando eu dava meu sangue literalmente só por diversão)
Ainda tem quem diga que tentar buscar um sentido é perder tempo, mas sem isso somos marionetes, apenas soldadinhos caminhando em fila para o inferno-comformismo; eu não quero isso, não mais.